Formato dos Pés

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Formato dos Pés

Apesar da anatomia basicamente comum de todos os pés seu formato e biomecânica podem variar muito de individuo para indivíduo. Tendo relação com o sexo, massa corporal, idade, raça, uso de determinados tipos de calçados, atividades de vida diária, atividades físicas e comorbidades.

Como médica ortopedista especialista em pé e tornozelo, posso afirmar que compreender o formato dos pés é importante para a prevenção e tratamento de diversas condições que afetam essa região do corpo. Algumas condições podem ser agravadas ou causadas pelo formato do pé, como joanetes, calosidades, fascite plantar e até mesmo lesões em outras partes do corpo, como tornozelos, joelhos e quadris.

Características estruturais do pé mostram baixo potencial de previsibilidade com relação as suas características funcionais. Ou seja, nem tudo é como parece.

Contudo, uma coisa é certa: um pé não pode ser doloroso! Caso o seja, a queixa pode estar relacionada com uma curvatura plantar diminuída (pé plano) ou de uma curvatura plantar aumentada (pé cavo).

Deformidade dos pés

PÉ PLANO

Introdução

O pé plano é uma condição comum que afeta muitas pessoas, caracterizada pela falta ou redução do arco plantar.

No consultório dividimos esse diagnóstico em dois: o pé plano da criança e o pé plano do adulto, sobre o que falaremos aqui.

Causas

A deformidade colapsante do pé do adulto (pé chato) é uma doença que tem como precursor diversos possíveis fatores:

  • congênito (a herança genética é a principal causa),
  • alterações vasculares do tendão tibial posterior,
  • trauma,
  • obesidade,
  • diabetes,
  • hipertensão,
  • artropatias inflamatórias ,
  • injeção de corticoides

Embora tradicionalmente o tendão tibial posterior seja considerado o vilão, hoje sabe-se que existem muitas outras estruturas relacionadas, principalmente ligamentares, como ligamento spring, o talocalcaneano interósseo e o deltoide.

Sintomas

  • Inicio: inchaço, mais comumente na face interna do tornozelo, e dor nessa região, que pode se estender para a perna e/ou planta dos pés
  • Evolução: alterações no formato dos pés (eventualmente identificado por um desgaste assimétrico dos calçados – com a parte interna dos calcanhares mais deformada), dificuldade de equilíbrio e de manter-se nas pontas dos pés.

Diagnóstico

O paciente, ao chegar ao consultório com essas queixas, deve ser observado estando de pé, com toda a perna a mostra (separe um short para a consulta ou uma calça que suba acima dos joelhos com facilidade), de forma estática e dinâmica. Essa visão, associada a testes clínicos (de força muscular, alongamento, pontos álgicos e mobilidade articular) e radiografias com carga, são suficientes para classificar o grau de deformidade e indicar o melhor tratamento; que pode incluir fisioterapia, medicações, órteses/palmilhas e cirurgia.

A ressonância pode ser pedida com o intuito de acrescentar informações quanto ao grau de degeneração das estruturas envolvidas.

O negligenciamento dessa situação deformante do pé tem um grande potencial de acarretar piora clinica gradual (tanto da dor, quanto da anatomia e, principalmente, da funcionalidade) e demandar tratamentos cada vez mais agressivos.

Tratamento

O tratamento do pé plano depende do tipo e da gravidade da condição. Em casos leves a moderados, pode ser recomendado fisioterapia para fortalecer os músculos dos pés e pernas e melhorar a marcha.

O uso de palmilhas ortopédicas, que ajudam a corrigir O POSICIONAMENTO dos pés (não seu formato) eventualmente pode ser indicado para aliviar os sintomas. Calçados adequados, como tênis com bom suporte e estabilidade, também são recomendados.

Em casos mais graves, a cirurgia pode ser indicada para reconstruir o arco plantar e corrigir deformidades nos pés e tornozelos.

Fisioterapia pé plano

Conclusão

O pé plano doloroso é uma condição que pode afetar a qualidade de vida e o bem-estar de muitas pessoas. No entanto, com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, é possível minimizar os sintomas e prevenir complicações. Consulte um médico ortopedista especializado em pé e tornozelo para avaliação e orientação adequadas.

PÉ CAVO

Introdução

O pé cavo é uma deformidade que se caracteriza pelo aumento da curvatura do arco plantar, a parte inferior do pé que se estende do calcanhar até a base dos dedos.

A deformidade pode se dar de 3 formas:

  • na região do calcanhar
  • na parte intermediária do pé
  • uma associação das duas anteriores

Entretanto, seja onde for a região deformante, fato é que essa alteração arquitetural gera um pé será mais rígido, o que diminuiu a capacidade de dissipar as forças durante a marcha e, por conseguinte, causa queixa de desconforto nas áreas de carga dos pés, além de fadiga.

Causas

A causa mais frequente do pé cavo é neurológica. Contudo, cerca de 45% das pessoas com pé cavo o tem de forma idiopática (sem causa definida). E 50% dos casos em que o diagnóstico de base é definido a causa é o Charcot-Marie-Tooth (perfazendo, essa doença, um total geral em torno de 27,5% de todos os pés cavos).

Outras causas estão relacionadas a problemas musculares, metabólicos ou traumáticos.

Fatores de risco incluem idade avançada, obesidade, doenças degenerativas e histórico familiar.

Sintomas

Os sintomas do pé cavo podem variar de acordo com a gravidade da deformidade e a presença de outras condições associadas.

Entre os principais problemas que podem ser causados pelo pé cavo, destacam-se:

  • Dor no pé e tornozelo, que pode se intensificar com o esforço físico e o uso de calçados inadequados;
  • Instabilidade e fraqueza muscular, que podem aumentar o risco de torções e entorses;
  • Calosidades e deformidades nas unhas, que podem surgir devido ao atrito e pressão excessiva nos pés;
  • Dificuldade para caminhar e realizar atividades cotidianas, o que pode afetar a qualidade de vida e a autonomia do paciente.

Diagnóstico

É interessante que o paciente não lixe os pés nos dias que precedem a consulta. As calosidades nos auxiliam a identificar as áreas de sobrecarga.

O diagnóstico do pé cavo é feito por meio de exames clínicos e radiológicos, que permitem avaliar o grau de curvatura do arco plantar e verificar se há outras alterações estruturais ou funcionais associadas.

Mas o especialista pode lançar mão de outros exames, principalmente para identificações de potenciais fatores neurológicos e envolver outras especialidades, como o Neurologista.

Pé cavo - calos

Tratamento

O tratamento do pé cavo depende da gravidade da deformidade e dos sintomas apresentados pelo paciente. Na maioria dos casos, é possível controlar os sintomas e prevenir complicações com medidas conservadoras, como:

  • Exercícios de fortalecimento muscular e alongamento, orientados por um fisioterapeuta;
  • Uso de palmilhas ortopédicas, que ajudam a distribuir a pressão nos pés e reduzir o impacto durante a caminhada;
  • Escolha de calçados adequados, que devem ser confortáveis, estáveis e com bom suporte para o arco plantar.

Nos casos mais graves, em que as medidas conservadoras não são suficientes, pode ser necessário recorrer à cirurgia para corrigir a deformidade. Existem diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos para tratar o pé cavo, que podem envolver correção óssea e transferência de tendínea.

Como médica ortopedista especialista em pé e tornozelo, estou à disposição para esclarecer dúvidas e auxiliar no tratamento de condições relacionadas a essa região do corpo. Lembre-se sempre da importância de cuidar dos seus pés, afinal, são eles que suportam todo o peso do corpo e nos levam onde queremos ir.